Enrique Risques Pereira nasceu em 1930 em Lisboa e morreu em 2003 em Lisboa. Poeta e Engenheiro Civil, conhece António Maria Lisboa e Cesariny. Toma parte na actividade de “Os Surrealistas”, assinando muitos manifestos publicados, e participando nas duas Exposições Colectivas de 1949 e de 1950, com pinturas e desenhos.
Levado por uma preocupação de experimentação, realizou, entre 1949 e 1952, um conjunto amplo de desenhos que recriam um mundo figurativo delirante, em que a ocultação, as formas geométricas dos cristais, as manchas pretas e a aplicação de água sobre o suporte para impedir a adesão uniforme da matéria pictórica, foram algumas das técnicas fundamentais, além do traço curvo que será distintivo do seu trabalho. Abandona a arte para se dedicar ao seu trabalho como engenheiro civil, mas algumas obras do artista aparecerão em anos posteriores em colectivas de homenagem a um ou outro companheiro da aventura surrealista ou em revisões do surrealismo português.
Após mais de 50 anos de silêncio, realiza a sua Primeira Exposição Individual de 84 desenhos inéditos, na Fundação Cupertino de Miranda, Famalicão, em 2003, ano em que faleceu, logo após a inauguração, a que não pôde assistir. Esta mesma exposição alargada a mais 16 desenhos, naquilo que será o total da sua obra plástica, esteve exposta em Lisboa, no Palácio das Galveias em 2004.
Em 2005, a Galeria São Mamede , muito ligada ao movimento surrealista durante os anos 60 e 70, exibe uma selecção daqueles trabalhos, numa justa homenagem a mais um elemento fundador de “Os Surrealistas”.
O seu trabalho poético será recolhido nas antologias Cesarinyanas (o seu extraordinário poema com o “gato que partiu à aventura” como protagonista trágico), na antologia Doze poetas portugueses, publicada pelo Ministério da Educação do Brasil, em 1953. Data também de 2003, a edição póstuma da sua obra poética reunida no livro Transparências do Tempo, edição de Perfect Quadrado, Quasi Edições, Vila Nova de Famalicão.
Bibliografia:
Catálogos de exposições com presença de Henrique Risques Pereira:
Catálogo 1ª Exposição dos Surrealistas. Sala de projecção da “Pathé Baby”, Lisboa, 18 Junho-2 Julho 1949;
Catálogo da Exposição de OS SURREALISTAS na Galeria “A BIBLIÓFILA”, 1-10 Junho 1950;
Catálogo da exposição O Cadáver Esquisito Sua Exaltação Seguida de Pinturas Colectivas . Lisboa: Galeria Ottolini.[Jornal do Gato]. Fevereiro de 1975;
Catálogo da exposição A António Maria Lisboa 1928-1953 . Junta de Turismo da Costa do Sol, Maio 1978;
Catálogo da exposição Obras da colecção doada pelo Engº João Meireles. Vila Nova de Famalicão: Fundação Cupertino de Miranda, 5 de Novembro de 1994;
Primeira Exposição do Surrealismo ou Não . Lisboa: Galeria S. Mamede, Julho-Agosto-Setembro-Outubro 1994;
Catálogo da exposição Surrealismo em Portugal 1935-1953. Lisboa/Badajoz: Museu do Chiado/Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, 2001
Manifestos e textos colectivos assinados por Henrique Risques Pereira:
“Declaração”, em carta ao Diário de Lisboa; A Afixação Proibida . Ass.: Pedro Oom, António Maria Lisboa, Henrique Risques Pereira e Mário Cesariny (1949);
Do Capítulo da Probidade . Lisboa, Dezembro de 1951; Mais um Cadáver . Lisboa, Dezembro de 1951; Carta-manifesto a propósito de dois artigos de João Gaspar Simões sobre Sete Poemas da Solenidade e um Requiem de Carlos Eurico da Costa, publicados no Diário Popular (25.06.1952) e no Diário do Norte (26.06.1952).
Comunicado à imprensa reclamando a extinção da censura. Enviado no dia 24 de Novembro de 1953.
A sua obra poética encontra-se reunida em:
- Henrique Risques Pereira: Transparência do Tempo (Poesia) . Edição de Perfecto E. Cuadrado. Vila Nova de Famalicão: Quasi edições, 2003.
- Antologia bilingue em Port e Español: Um Gato Partiu à Aventura/Un gato partió a la aventura . Edición y traducción de Perfecto E. Cuadrado. Extremadura, Junta de Extremadura [LA ESTIRPE DE LOS ARGONAUTAS-Cuadernos de Poesía, 4], 2001.
Poesia encontra-se recolhida em estudos, revistas e antologias como:
A Serpente, Março de 1951; A Intervenção Surrealista - Mário Cesariny - Lisboa: Ulisseia, 1966;
O Surrealismo na Poesia Portuguesa - Natália Correia - Lisboa: Publicações Europa-América, 1973;
Num conjunto de textos que Cesariny intitula “Máquina de Guerra”;
You Are Welcome to Elsinore - Perfecto E. Cuadrado - Poesia Surrealista Portuguesa. Antologia. Desenhos de Urbano Lugrís. Santiago de Compostela, 1996;
A Única Real Tradição Viva - Perfecto E. Cuadrado - Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa . Lisboa: Assírio & Alvim, 1998;
“Fiquemos aqui”, “Adormecido no tempo” e ”Vãs honras…”, “Três Poemas”, in Meya Ponte , nº 15, Pirenópolis, Goiás, 2002;
Poemas “Sinto os desertos ondulados…” e “Chapéu fantasma…”. Alfredo Margarido e Carlos Eurico da Costa: Doze Jovens Poetas Portuguêses Ministério da Educação e Saúde, s.d. [1953]